terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

um novo primeiro...



Desde já, obrigado R!

Eu já estava naquela de não manter isto.
Parecia que já não fazia sentido.
Algumas coisas têm de fazer sentido para existirem.
Mas acho que o futuro de amanhã tem capacidade para se manter vivo mais uns tempos.

Ora.
Quanto ao post em sí.
Creio que vamos ter de ir buscar novamente um assunto já aqui abordado, mas que sendo tão genial e interessante, vai puder ser usado de novo.

Entra então de novo em cena a linha Porto-Caide-Marco de Canaveses.
Eu nunca paro de ficar surpreso com os momentos de pura genialidade que felizmente tenho assistido.
É como ir ao cinema e ao teatro ao mesmo tempo.
Por um lado temos o som dolby surround fornecido pelos potentes pulmões daquela gente, que consegue expandir-se de forma uniforme e acusticamente pensada, através da carruagem.
Por outro temos os actores à nossa frente. Às vezes até temos de por as pernas para o lado para não esmagarmos aquelas milhares de sacas, e saquinhas da Fatinela com coisas deprimentes.
Quais Brad Pitt, Edward Norton, ou Naomi Watts, ninguém supera tanta sinceridade e pureza no acto de ser. Nem o dito "Johnny Deep" (que toda a gente tem uma grande obsessão por ele que se torna difícil para mim perceber.....vá lá,teve genial no Eduardo mãos de tesoura,mas......) consegue sequer aproximar-se destes colossos, pois nunca teve de certeza de andar a meter batatas ou a fazer silo.
Alias, os actores nunca podem ser perfeitos. pois nunca são as personagens que estão a representar.
Vou tentar descrever uma dita cena que aconteceu nem à muito tempo e que explica o anteriormente referido.

O comboio não está muito cheio, mas não há nenhum dos pares de bancos livres.
Têm todos uma pessoa, o que é uma situação recorrente.
Vejo um lugar e sento-me.
Chegamos a Valongo e entra uma lufada de gente.
Os lugares enchem-se.
Senta-se uma família e mais uma senhora nos bancos circundantes ao meu.
Faço uma primeira análise da conversa.
E para não variar é de desgraça.
Tem de ser sempre. é como os telejornais. Primeiro dão a desgraça toda em todo o lado do mundo, e durante o tempo todo, e só no fim é que dizem que um grupo de cientistas não sei aonde descobriu uma vacina.
Enfim...
E lá começa este "bailado" de gestos e murmúrios inexpressivos. A possuidora da desgraça começa a escavacar. Fala, fala, fala, fala, fala e fala, e até diz "...ai a nossa Ana....coitadinha...já viu o que passa?!?".
E para todo o que a mulher diz, a amiga da família responde "pois.." ou então "é, é...".
Até que depois diz "eu se o que isso é!" e a partir daqui vai dar-se uma mudança radical. Com esta inclusão do "eu", já pode arrancar e começar a falar das suas desgraças. E os papeis invertem-se.
Isto até pode parecer normal, mas quando os conteúdos das conversas são coisas que nem escritas num papel deviam estar (como descrever que não sabia da filha e que estava desconfiada de ela ter saído de saia e que teve de ir busca-la ao carro dum moço na noite do dia de são Valentim, e dar-lhe 2 chapadas bem dadas) talvez se possa repensar a questão.
Nos comboios da CP não existem actores com características físicas tomadas como "boas". Nos comboios da CP não há tiques, nem pseudo-olhares sedutores que fazem as pessoas pensarem que os actores são bons.
Nos comboios da CP não há representações de segunda. Só existem pessoas que conseguem meter uma peta bem metida e tornar a sua vida mais interessante alterando alguns factos, ou então esconder da vizinha que lhe andam a roubar o pão que o padeiro lhe mete no portão de manhã.


Deviam fazer um filme com aquela gente. Dois até. Uma trilogia.
É por isto que nunca me canso de andar de comboio.



Pensando bem.... 3 trilogias não será suficiente.

1 comentário:

Anónimo disse...

de nada! faço intenções de postar de 3 em 3 dias, a sobrevievencia do blog está assegurada.

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